Thomas Rittscher Junior Foto By Herbert Passos Neto |
O Surf perde seu "pai" que deixa quase um século de histórias, o primeiro surfista do Brasil faleceu nesta madrugada (24/11), devido a complicações de saude e idade avançada (94 anos).
O velório acontece no Memorial Necrópoli Ecumênica, em Santos/SP e ua cremação está marcada para as 16:00h.
Conheça
um pouco de Thomas Rittscher Junior, em um texto por Fábio Nunes
(Prof. Fabião), Secretário do Meio Ambiente-Santos-SP publicado em seu portal , durante homenagem à sua pessoa.
Thomas -O primeiro surfista do Brasil
Thomas
Ernest Rittscher Júnior, nascido New Jersey, Estados Unidos da
América, aos 30 de julho de 1917, casado com Dona Cecília, com quem
construiu uma bela e numerosa família: Mônica, a filha mais velha,
Thomas III, Robert, Carlos e Paul. Cinco filhos, todos casados, e nove
netos. Isto já justificaria uma homenagem!
Mas
não é somente pelo exemplo de pai e marido que nesta noite se outorga
o título de Cidadão Santista, é também pelo exemplo de pioneirismo na
prática do surfe e pelo incentivo ao esporte santista, cujo
desenvolvimento se confunde com a própria vida de Thomas Rittscher
Júnior.
A
história do homenageado e sua relação com esta terra começam quando
seu pai, cidadão norte-americano, veio ao Brasil em 1909 para tratar de
negócios com café; conheceu e casou-se com Frida Rittscher, mãe do
homenageado. A família Rittscher residia nos Estados Unidos e mudou-se
para esta acolhedora cidade em 1930, quando Thomas Júnior possuía 13
anos.
Logo
foi estudar no colégio americano onde concluiu o antigo ginasial. O
segundo grau, cursou em escola germânica, por determinação do seu pai,
que investia o futuro do filho na rigorosa formação da escola alemã.
Foi nessa época que Thomas Rittscher, com seu imenso gosto pelo esporte
e grande facilidade de fazer amigos, engajou-se na prática do remo,
natação, salto ornamental e polo aquático, no Clube Saldanha da Gama;
hóquei e patinação no Atlântico Clube, que ajudou a fundar. Além disso
praticou ginástica olímpica e atletismo na escola alemã, destacando-se
em vários campeonatos. Quebrou o recorde da piscina do Sport Clube
Corinthians Paulista, em São Paulo, que permaneceu por muitos anos imbatível.
Foi
nessa época também que Thomas protagonizou episódio que o identifica
com a história do surfe na nossa cidade e em todo o País.
Em
1934 construiu a primeira prancha de surfe em madeira, a partir de um
modelo da revista Popular Mechanics, e passou a "pegar ondas" nas
praias de Santos, em companhia de sua irmã Margot Rittscher. As pessoas
que o viam surfando, mostravam grande interesse e curiosidade pelo
homem que "andava sobre as ondas". Fico imaginando a reação dos
banhistas àquela época, diante da inovação introduzida pelo
homenageado... Uma nova maneira de interagir com o mar, aproveitando-se
da energia das ondas para extrair pura emoção.
Thomas
Rittscher é precursor do surfe, sim. Pois, não satisfeito em
construir a primeira tábua, ajudou seu amigo Juá, João Roberto Haffers,
a construir uma segunda prancha. Logo, outras pranchas e novos
praticantes do esporte, como Osmar Gonçalves, foram surgindo nas praias
de Santos, esta academia a céu aberto, que funciona todas as horas do
dia, o ano inteiro e não custa nada, mas não tem preço!
Thomas
Rittsher foi, da mesma forma, o primeiro surfista de Santos. Prova
disso é que aprendeu sozinho a surfar, sem orientação alguma. Narra o
homenageado no precioso documentário Grandes Personagens do Esporte
Santista, iniciativa do Centro de Memória Esportiva De Vaney, que
inicialmente, pegava as ondas com a ponta estreita da tábua voltada
para frente. Percebeu, entretanto, que a prancha tendia a afundar
inclinando-se para frente, o que obviamente impedia de correr toda a
onda. Então Thomas resolveu inverter a posição da prancha e colocar a
ponta arrendondada para frente, foi aí que descobriu sozinho, como
primeiro surfista que foi, o bico e a rabeta da prancha. Aprendeu e
ensinou a surfar.
Assim,
Thomas Rittscher, o precursor do surfe e o primeiro surfista do
Brasil, divulgou pioneiramente um dos esportes mais praticados pelos
santistas e que vêm trazendo vários títulos nacionais e internacionais
para esta Cidade. A sua atitude pioneira merece reconhecimento, pois o
surfe certamente influenciou a vida de centenas de jovens e adultos,
como uma atividade saudável, um modo de ser e um meio de vida para
muitas pessoas.
Quando
deflagrou a Segunda Guerra, Thomas Rittscher apresentou-se no
consulado americano, aguardando convocação para servir o seu país.
Todavia esta não veio, mas logo em seguida recebeu proposta para
trabalhar no Rio de Janeiro, no comércio de café, ramo em que já atuava
desde a conclusão do curso colegial na escola germânica e que o
notabilizou profissionalmente, coroando sua carreira profissional com a
instalação da sua empresa na sala 1 da Bolsa Oficial de Café, em
funcionamento por mais de trinta anos.
Foi
no Rio de Janeiro, no início da década de quarenta, que Thomas
Rittscher apaixonou-se pela vela, navegou no lendário barco Vendaval,
veio a Santos várias vezes com a tripulação do Vendaval, cujas
características construtivas conheceu detalhadamente. Participou de
regatas e destacou-se também como velejador. O homenageado foi sócio do
Iate Clube de Santos, sendo um dos seus fundadores. Tem sido um dos
grandes incentivadores dos esportes náuticos em nossa cidade desde
então e merece, também por isso, a distinção de Cidadão Santista.
Além
disso, foi sócio e participou intensamente das atividades esportivas
do Golfe Clube, do Clube Hípico, onde praticava equitação e venceu
várias competições, do Tênis Clube, onde pratica natação diariamente
pela manhã, deslocando-se até o clube com sua sexagenária bicicleta.
Honra-nos
imensamente e a todos os praticantes do surfe aqui presentes
participar sesta homenagem que a Câmara Municipal e os cidadãos
santistas consideram mais do que justa e merecida.
Uma salva de palmas ao Ilustre esportista, precursor do surfe e Cidadão Santista, Thomas Ernest Rittscher Júnior!
Uma salva de palmas ao Ilustre esportista, precursor do surfe e Cidadão Santista, Thomas Ernest Rittscher Júnior!
Por:Fábio Nunes (Prof. Fabião)
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