
Com apenas três anos de existência, a Sociedade Brasileira de Shapers ultrapassa a marca de 100 filiados, recorde digno do Guiness Book, pois nunca na história do surf mundial tantos shapers estiveram unidos em torno dos mesmos objetivos.
O feito foi anunciado no segundo Meeting Nacional de Shapers, realizado pela entidade durante a Adventure Sports Fair, em São Paulo.
Estiveram presentes vários grandes mestres da plaina como Ricardo Marroquim, Edson Akio, Delton de Menezes, Kareca, Henry Lelot, Carlos Boer, entre outros tops das pranchas, que tiveram a oportunidade de debater a respeito de vários temas importantes para aqueles que dedicam sua vida à atividade ancestral que deu origem ao surf.
No primeiro dia de encontro, o shaper carioca Henry Lelot, 25 anos de carreira e atual Diretor de Tecnologia da entidade, apresentou aos shapers presentes o programa francês Shape3D, considerado atualmente o mais avançado software para desenho de pranchas do mundo.
“Através da SBS, fechamos contrato para representação latino-americana do novo programa, bem como, da nova máquina Autosurf, desenvolvida com tecnologia totalmente brasileira, ao nível das melhores máquinas do mundo, por custo e formas de financiamento bastante atrativos”, conta Henry Lelot.
O conceituado shaper Edson Akio, 35 anos de profissão e atual presidente da SBS, abriu o segundo dia de meeting abordando a questão da regulamentação da profissão, passando em seguida, a palavra para Lelot que, durante o ano, realizou diversos meetings por todo o Brasil.

“É consenso entre os shapers brasileiros, a idéia de se estabelecer um prazo limite para que todos os filiados venham a se registrar como artesãos autônomos, visando à profissionalização de nossa classe e, futuramente, o reconhecimento profissional como Artesão/Designer de Pranchas de Surf. Assim teremos representatividade para melhor defender os interesses das oficinas de pranchas, que hoje atuam na informalidade”, acrescenta Lelot.
Carlos Boer, 25 anos de shape, sugeriu a criação de um selo de excelência, com o objetivo de diferenciar as pranchas existentes no mercado. No debate foram aventados critérios como: o tempo de experiência do shaper, a qualidade da matéria-prima e as tecnologias utilizadas, o nível dos test-riders (atletas), a visibilidade na mídia, a participação editorial, o trabalho social e ambiental, entre outros.
“A idéia é que os critérios tenham pesos diferenciados. A SBS pretende colocar esses temas em votação e lançar o novo selo de excelência o mais breve possível, através de um evento em que serão premiados os shapers e fabricantes filiados que preencherem os requisitos para receber o novo selo de qualidade”, complementa Boer.
Encontro entre vários dos melhores shapers brasileiros de todos os tempos. Foto: Divulgação.
Então foi a vez do atual diretor esportivo da entidade, o pernambucano Ricardo Marroquim, 35 anos de shape, comentar sobre o relacionamento entre shapers e atletas.
“Primeiramente veio Deus, e criou a natureza. Então um shaper criou a primeira prancha e foi para a água. Só então surgiu o primeiro surfista. Partindo desta premissa, fica clara a nossa importância dentro do surf. Mas com o passar dos tempos, não sabemos exatamente as razões, o shaper foi sendo relegado a segundo plano tanto nas competições, quanto na mídia especializada, e até mesmo por parte dos atletas”.
Segundo Marroca, tem sido consenso entre os profissionais, que o relacionamento atleta/shaper, se encontra atualmente deteriorado. “Durante os meetings realizados este ano, vários shapers sugeriram a criação de um ‘Contrato Modelo’ para os shapers poderem estabelecer juridicamente a relação com seus atletas. A diretoria aprovou a sugestão, contratou um advogado e formatamos uma minuta que já se encontra à disposição dos shapers filiados.”
“Além disso, contamos com o respaldo da CBS (Confederação Brasileira de Surf) para iniciar um movimento com o objetivo de que o nome do shaper volte a ser mencionado juntamente com o nome do atleta no sistema de som das competições, como acontecia no passado, e como ocorre, por exemplo, na Fórmula 1. Consideramos legítimo este pleito, com base em nossa significância dentro do esporte”, conta Marroca.
Mas a relação com a mídia foi o ponto alto do encontro: Marcelo Barros, representante do grupo Fluir, oficializou o apoio da Editora Peixes (Fluir / Waves / BlackWater), e o interesse em se tornarem mídia oficial da entidade, propondo uma grande parceria a nível editorial e comercial com o objetivo de garantir maior visibilidade para o trabalho da entidade.
O impacto foi bastante positivo junto aos shapers presentes, e segundo Boer, atual diretor de comunicação da entidade, as propostas serão muito em breve debatidas pela diretoria.
O meeting foi também uma injeção de ânimo para aqueles que, desde o início, vem batalhando em pról dos interesses dos shapers brasileiros.
Já o paulista Carlos Boer, deu ênfase ao amadurecimento da classe. “Estamos testemunhando um grande amadurecimento entre os profissionais do setor de pranchas de surf. Está claro que de nada adianta ficarmos reclamando. Temos que buscar soluções para nossos problemas. Isso só conseguiremos através da união de nossa classe profissional buscando uma maior interatividade e sinergia entre nós. Com isso todos ganham, nós fabricantes, shapers e o mercado que contará com pranchas da mais alta qualidade, reconhecidas pela SBS.”
“Se alguns shapers ainda não fazem parte da nossa entidade, acreditamos ser apenas uma questão de tempo, pois a iniciativa é legítima e está ganhando cada vez maior representavidade. Só com união se faz a força, e é através dessa união que pretendemos conquistar o nosso verdadeiro espaço dentro do surf”, é o pensamento de Henry Lelot, idealizador da entidade que foi criada em 2005.