
Novamente com uma virada sensacional, o paranaense Jihad Khodr já garantiu o Brasil nas oitavas-de-final do Quiksilver Pro Gold Coast. A vítima dessa vez foi o australiano Kieren Perrow e o próximo adversário é campeão mundial, C. J. Hobgood. O gêmeo do americano, Damien, derrotou o cearense Heitor Alves numa bateria de poucas ondas. E o domingo foi encerrado com a eliminação do eneacampeão Kelly Slater pelo jovem australiano Julian Wilson, 20 anos, que veio das triagens.
A terceira fase masculina só foi iniciada após o término do Roxy Pro, que foi vencido pela australiana Stephanie Gilmore (veja matéria). A previsão era realizar as dez primeiras baterias, no entanto a condição do mar foi piorando, as séries demorando para entrar na bancada de Snapper Rocks e o campeonato parou na oitava, que marcou a derrota do defensor do título do Quiksilver Pro Gold Coast.
A pranchinha quadriquilha de Slater não funcionou nas ondas pequenas de meio metro altura que pegou. Julian Wilson teve mais sorte, surfou bem uma longa direita para arrancar uma nota 8,5 e abrir grande vantagem. Ele já tinha um 6,83 da sua primeira apresentação. O maior ídolo do esporte inicou uma reação quando tirou uma nota 7,67, mas precisava de outra examente igual para virar o placar, que acabou encerrado em 15,33 x 13,84 pontos.
Com a saída prematura de Kelly Slater, que começa a temporada em 17.o lugar como o brasileiro Heitor Alves, cresce a esperança de todos para o título mundial. Um novo número 1 será apontado no Quiksilver Pro e pode ser em outras condições, caso as previsões se confirmem. Isso porque um ciclone na categoria 5, muito perigoso com ventos de até 250 Km por hora, deve entrar na região da Gold Coast trazendo grandes ondas que podem ultrapassar os 3 metros de altura. A preocupação de todos é para que ele não cause catástrofes na Austrália.
Além de Slater, outros cabeças-de-chave caíram no domingo de séries de 1 metro. Jihad Khodr foi o primeiro a derrubar um e numa situação quase igual a vivida no sábado, quando de maneira fantástica derrotou o americano Tim Reyes com uma onda surfada há 10 segundos do fim da bateria. O adversário agora era bem mais experiente e Kieren Perrow já começou forte com nota 8,33 na primeira onda, que abriu para várias manobras.
O australiano logo pega outra boa e vai fazendo a onda para tirar um 7 e dominar a primeira metade da bateria. Jihad não tinha achado nada e a calmaria voltou a lembrar o dia anterior. Ele tinha que fazer alguma coisa e remou numa onda para forçar Perrow usar a prioridade, indo em uma que só rendeu três manobras. A tática deu certo e Jihad ficou sozinho para pegar uma direita maior, mais longa, foi detonando batidas, rasgadas, sempre jogando rabeta e muita água, variando manobras com velocidade até finalizar com um belo 360.
A onda valeu nota 9,33 e ele entrou na briga. Faltavam menos de 10 minutos e Jihad precisava de 6 pontos para virar. Falhou na primeira tentativa e voltou remando forte para o outside. A prioridade era do experiente australiano de 32 anos e Jihad, 25, ficou pegando as que ele deixava passar. Uma delas foi abrindo uma boa parede que rendeu várias batidas, floaters e mais manobras para ganhar nota 8,93 em outra virada espetacular.
Perrow ainda tirou um 7,97 com seu surfe burocrático, mas já necessitava de mais de 10 pontos e a vitória foi confirmada por 18,26 x 16,30. Apenas Joel Parkinson superou este placar, atingindo 18,50 pontos contra o português Tiago Pires. E o também australiano Mick Fanning chegou perto, marcando 18,10 na disputa seguinte.
“Ter virado aquela bateria no sábado faltando 10 segundos me deu confiança e competi confiante hoje”, contou Jihad Khodr. “Na metade da bateria eu não tinha surfado nada e ele (Kieren Perrow) pensou que já tinha vencido. Não sabia que tinha o Jihad especialista em direitas do lado. As ondas demoraram, mas vieram para outra virada no final. Quem me conhece sabe que eu sou guerreiro, corro atrás até o fim. Estou bem focado, confiante e acho que vai ter coisa boa pro Jihad esse ano..”, falou o paranaense criado nas direitas de Matinhos.
Já o cearense Heitor Alves não teve qualquer chance contra Damien Hobgood porque simplesmente não entrou onda na sua bateria. O americano pegou as únicas boas e venceu fácil por 14,34 x 9,00 pontos. Mas, o Brasil ainda tem o paulista Adriano de Souza, sétimo melhor do mundo no ano passado. Ele encabeça a 11.a bateria contra o sul-africano Greg Emslie, que está voltando ao ASP Tour esse ano e para quem perdeu nesta mesma fase na Gold Coast em 2007. O novo confronto será o terceiro da segunda-feira na Austrália.
OITAVAS-DE-FINAL DO QUIKSILVER PRO – baterias já formadas:
1.a: C. J. Hobgood (EUA) x Jihad Khodr (BRA)
2.a: Joel Parkinson (AUS) x Chris Davidson (AUS)
3.a: Mick Fanning (AUS) x Jeremy Flores (FRA)
4.a: Damien Hobgood (EUA) x Julian Wilson (AUS)
TERCEIRA FASE – 17.o lugar – US$ 5.400 e 410 pontos:
01: C. J. Hobgood (EUA) 16.50 x 6.50 Dustin Barca (HAV)
02: Jihad Khodr (BRA) 18.26 x 16.30 Kieren Perrow (AUS)
03: Chris Davidson (AUS) 13.67 x 8.27 Dayyan Neve (AUS)
04: Joel Parkinson (AUS) 18.50 x 14.50 Tiago Pires (PRT)
05: Mick Fanning (AUS) 18.10 x 11.83 Kekoa Bacalso (HAV)
06: Jeremy Flores (FRA) 12.83 x 11.07 Nic Muscroft (AUS)
07: Damien Hobgood (EUA) 14.34 x 9.00 Heitor Alves (BRA)
08: Julian Wilson (AUS) 15.33 x 13.84 Kelly Slater (EUA)
-------------baterias que ficaram para segunda-feira:
09: Bede Durbidge (AUS) x Jay Thompson (AUS)
10: Taylor Knox (EUA) x Jordy Smith (AFR)
11: Adriano de Souza (BRA) x Greg Emslie (AFR)
12: Fredrick Patacchia (HAV) x Josh Kerr (AUS)
13: Taj Burrow (AUS) x Drew Courtney (AUS)
14: Dane Reynolds (EUA) x Roy Powers (HAV)
15: Adrian Buchan (AUS) x Tim Boal (FRA)
16: Tom Whitaker (AUS) x David Weare (AFR)