
O Rip Curl Pro Bells Beach já inaugurou o novo formato de disputa do ASP World Tour logo no primeiro dia do seu prazo em Victoria, sul da Austrália. Não tem mais repescagem e Jihad Khodr estreou com vitória, mas Heitor Alves já está fora do segundo desafio do ano. Agora, todas as baterias são homem-a-homem e eliminatórias desde a primeira fase.
O objetivo deste sistema é priorizar a qualidade da competição. São dezesseis baterias a menos e sobra mais tempo para que o evento aconteça nas melhores ondas possíveis. Os dezesseis primeiros colocados no ranking de 2008 só entram na segunda fase e desta lista faz parte o paulista Adriano de Souza. O sétimo melhor surfista do mundo no ano passado foi vice-campeão na primeira etapa da temporada na Gold Coast e vai estrear na 11.a bateria da segunda fase do Rip Curl Pro contra o australiano Drew Courtney.
Na terça-feira de boas ondas de 3-4 pés em Bells Beach, foram realizados os dezesseis confrontos da primeira rodada masculina e o início do feminino foi adiado. Na estréia do novo formato, que será utilizado na maioria das etapas, o sul-africano David Weare despachou o norte-americano Nathaniel Curran.
O cearense Heitor Alves entrou na terceira bateria e não achou as ondas, sendo facilmente batido pelo australiano Jay Thompson por 14,66 x 6,60 pontos. Como não tem mais a repescagem para os perdedores da primeira fase, o cearense já despediu-se da Austrália em 33.o lugar, ganhando 4.700 dólares pela participação.
O paranaense Jihad Khodr disputou o sétimo duelo do dia e só no último minuto conseguiu surfar bem uma onda para confirmar a primeira vitória brasileira no Rip Curl Pro 2009. Direitas são sua especialidade, mas todos concordam que Bells Beach é uma onda difícil de surfar. Tanto ele como seu adversário, o norte-americano Patrick Gudauskas, não conseguiram grandes apresentações e o placar comprova isso: 10,83 x 8,50 pontos. O importante era passar e Jihad vai agora enfrentar o australiano Tom Whitaker na décima bateria da segunda fase.
“Estou feliz por ter passado. Tive sorte de vencer a bateria na última onda, quando consegui minha maior nota”, disse Jihad Khodr, que falou sobre o novo formato de competição. "Para mim não muda muito, pois sempre entro na água para vencer a bateria, então não muda nada. O bom é que assim a gente tem mais chance de competir em ondas boas, mas também é ruim porque você não tem uma segunda chance caso algo dê errado”.
As opiniões são controversas. O australiano Dayyan Neve também venceu na estréia e prefere o formato antigo, com repescagem. “Não gostei deste sistema novo. Fiquei nervoso durante semanas porque qualquer bobeira agora você está fora. Para o esporte, acho que seria melhor ter uma rodada extra, até para o público poder ver mais caras como Kelly (Slater), o Mick (Fanning), o Joel (Parkinson), por exemplo. Pode ser que eles apareçam só uma vez no evento e acho que isso não é bom para o esporte. Tomara que mudem logo isso”, deseja Neve.
NOVO FORMATO NO BRASIL – Só que a maioria dos eventos já confirmou a utilização do novo formato. A etapa brasileira do ASP World Tour é uma delas. O Hang Loose Santa Catarina Pro mudou de data e vai ser realizado na época mais propícia para a entrada de grandes ondas na Praia da Vila, em Imbituba, de 27 de junho a 05 de julho. Será o quarto desafio da temporada e, por isso, garante a presença de todas as estrelas do esporte. O evento promete ser inesquecível e novamente conta com total apoio do Governo do Estado de Santa Catarina e da Prefeitura Municipal de Imbituba, que dividem com a marca Hang Loose o patrocínio do campeonato mais importante da América do Sul.
“Nossa intenção é clara, de tentar fazer o evento nas melhores ondas possíveis”, diz Xandi Fontes, organizador da etapa brasileira junto com Teco Padaratz e que atua como diretor de prova no evento. “O prazo do nosso campeonato é o menor de todos, então queremos potencializar ao máximo a qualidade da competição. Serão menos dezesseis baterias e teremos mais tempo para que possamos rolar as baterias nas melhores condições durante a semana do evento”.
No entanto, o público pode ter só uma chance de ver os melhores surfistas do mundo em ação, caso tropecem logo em suas primeiras apresentações. Em Bells Beach, 16 já sairam da competição no primeiro dia do Rip Curl Pro. Um deles foi o norte-americano Dane Reynolds, apontado pelo próprio Kelly Slater como seu provável sucessor no Circuito Mundial. Ele foi eliminado pelo convidado Owen Wright, que será o primeiro adversário do maior ídolo do esporte nesta segunda etapa. Pelo que mostrou, o australiano vai dar trabalho para Slater.
MELHOR DO DIA - Na disputa seguinte, o sul-africano Jordy Smith (foto) estabeleceu os primeiros recordes do campeonato. Ele atingiu 18,70 pontos de 20 possíveis com as notas 9,70 e 9,00 que recebeu na vitória sobre Matt Wilkinson, outro australiano que entrou como convidado em Bells. Eles se enfrentaram durante os tempos de Pro Junior, mas Smith logo ingressou na divisão de elite do esporte, enquanto Wilkinson ainda continua no WQS batalhando por uma vaga.
RIP CURL PRO BELLS BEACH – SEGUNDA FASE:
1.a: C. J. Hobgood (EUA) x Mick Campbell (AUS)
2.a: Chris Ward (EUA) x Taylor Knox (EUA)
3.a: Kai Otton (AUS) x Dayyan Neve (AUS)
4.a: Joel Parkinson (AUS) x Michel Bourez (TAH)
5.a: Mick Fanning (AUS) x Tiago Pires (PRT)
6.a: Bobby Martinez (EUA) x Tim Boal (FRA)
7.a: Damien Hobgood (EUA) x Jordy Smith (AFR)
8.a: Kelly Slater (EUA) x Owen Wright (AUS)
9.a: Bede Durbidge (AUS) x Adam Robertson (AUS)
10: Tom Whitaker (AUS) x Jihad Khodr (BRA)
11: Adriano de Souza (BRA) x Drew Courtney (AUS)
12: Jeremy Flores (FRA) x Kekoa Bacalso (HAW)
13: Taj Burrow (AUS) x Jay Thompson (AUS)
14: Tim Reyes (EUA) x Kieren Perrow (AUS)
15: Adrian Buchan (AUS) x Dean Morrison (AUS)
16: Fredrick Patacchia (HAW) x David Weare (AFR)
PRIMEIRA FASE – 33.o lugar – US$ 4.700 e 225 pontos:
01: David Weare (AFR) 13.00 x 11.16 Nathaniel Curran (EUA)
02: Michel Bourez (TAH) 12.33 x 6.26 Roy Powers (HAW)
03: Jay Thompson (AUS) 14.66 x 6.60 Heitor Alves (BRA)
04: Taylor Knox (EUA) 15.84 x 10.16 Phillip MacDonald (AUS)
05: Dayyan Neve (AUS) 14.00 x 7.60 Marlon Lipke (ALE)
06: Kieren Perrow (AUS) 12.50 x 12.23 Aritz Aranburu (ESP)
07: Jihad Khodr (BRA) 10.83 x 8.50 Patrick Gudauskas (EUA)
08: Owen Wright (AUS) 13.50 x 10.50 Dane Reynolds (EUA)
09: Jordy Smith (AFR) 18.70 x 11.66 Matt Wilkinson (AUS)
10: Adam Robertson (AUS) 9.56 x 9.00 Chris Davidson (AUS)
11: Mick Campbell (AUS) 13.83 x 9.84 Josh Kerr (AUS)
12: Dean Morrison (AUS) 13.10 x 10.17 Nic Muscroft (AUS)
13: Kekoa Bacalso (HAW) 12.83 x 11.77 Ben Dunn (AUS)
14: Drew Courtney (AUS) 14.42 x 11.83 Greg Emslie (AFR)
15: Tim Boal (FRA) 14.50 x 11.46 Mikael Picon (FRA)
16: Tiago Pires (PRT) 13.50 x 11.17 Dustin Barca (HAW)
PRIMEIRA FASE CLASSIFICATÓRIA DO FEMININO – as duas primeiras avançam:
1.a: Amee Donohoe (AUS), Rebecca Woods (AUS), Sally Fitzgibbons (AUS)
2.a: Layne Beachley (AUS), Paige Hareb (NZL), Rosanne Hodge (AFR)
3.a: Stephanie Gilmore (AUS), Bruna Schmitz (BRA), Nikki Van Dijk (AUS)
4.a: Silvana Lima (BRA), Chelsea Hedges (AUS), Jessi Miley-Dyer (AUS)
5.a: Sofia Mulanovich (PER), Coco Ho (HAW), Alana Blanchard (HAW)
6.a: Samantha Cornish (AUS), Melanie Bartels (HAW), Jacqueline Silva (BRA)