
Ícone, ídolo, exemplo, líder, recordista, pioneiro, supercampeão, veterano. O surfista santista Picuruta Salazar, da equipe Local Motion, é definido e conhecido de várias maneiras e, contra tudo o que se fala no esporte de alto-rendimento, continua em grande evidência e brigando por títulos aos 48 anos de idade.
No último domingo (dia 14), no Petrobras Longboard Classic, em Jacaraípe (ES), ele deu mais uma mostra do que ainda pode fazer e ficou ainda mais perto do emblemático 10º título brasileiro de longboard profissional. De quebra, ganhou mais motivação para encarar as duas etapas do Mundial, a primeira no final de julho no Japão, e a decisiva, em outubro, nas Ilhas Maldivas.
No ano passado, ele terminou o ranking como top 10, com direito ao pódio na etapa final, na Califórnia. “Estou cada vez mais empolgado. A cada bom resultado, parece que ganho uma vida nova. E com as minhas atuações contra a garotada, vejo que não estou para trás. Continuo em condições de igualdade”, disse o surfista da equipe Local Motion e que também tem os patrocínios de Oakley, Surftrip, Reef e New Advance.
Mas o grande foco mesmo fica para o campeonato nacional e os 10 títulos, lembrando que em 2008, Picuruta chegou muito perto da marca histórica, ficando a incríveis 37 centésimos da conquista na final do Circuito. No domingo passado, ele ficou em segundo lugar conquistado na disputa capixaba, mantendo a ponta no ranking (faturou a etapa inicial em Santos) e agora quer administrar a posição até o final.
“É difícil estar entre os melhores sempre e continuo conseguindo isso. Quero muito o meu décimo título”, frisou Picuruta, que apesar da liderança do ranking, não teve um dia só de comemorações. Pelo contrário, quem esteve na Praia de Solemar viu o surfista realizando um protesto em plena final do evento, contra o carioca Rodrigo Sphaier.
Faltando nove minutos para o término da bateria, ele se retirou do mar, criticando o julgamento das ondas. “Perdi o tesão em competir. Nunca tinha acontecido isso na minha vida e decidi sair da água. Nada contra o Rodrigo. Eu fiquei indignado com as notas dos juizes na bateria do Leco”, comentou o surfista, em relação ao seu filho mais velho, Alex Leco Salazar, derrotado na semifinal por Sphaier.
“O Leco tinha virado na última onda e os juizes não quiseram dar. Não quiseram que pai e filho fossem para a final, o que seria um momento histórico para o surf brasileiro”, opinou. “E então, perdi a motivação. Quis protestar e mostrar que é preciso ter mais critério. Não adianta a gente se esforçar ao máximo para dar show e os juízes não avaliarem direito. Parece que não querem o meu décimo título”, reclamou o atleta.
DESDE 1972 - Aos 48 anos de idade, Picuruta Salazar garantiu a sua primeira vitória no surf em 1972 e, de lá para cá, nesses 37 anos, sempre esteve entre os destaques, tornando-se referência nos pranchões e agora no Stand-Up. Atualmente, é o mais velho e o mais antigo do ‘tour mundial’ e já foi três vezes vice mundial profissional de long, em 92, 94 e 95.
Outra conquista que relembra com carinho foi de campeão do Mundo, no ISA Games, em 98, em Portugal. Também não deixou por menos nas pranchinhas, com o título mundial masters, em 2003, na Nova Zelândia. No ano passado, ficou muito próximo do título brasileiro profissional. A decisão do caneco foi contra Jeremias Mica da Silva, de Saquarema, com o placar de 11,70 a 11,33 para o surfista fluminense.
Além do vice brasileiro, com três terceiros lugares, Picuruta garantiu o título do primeiro campeonato nacional de Stand-Up, em Santos e foi top 10 no Mundial Profissional, com direito ao terceiro lugar na etapa decisiva, nos Estados Unidos. Seguindo a sua “trilha” está o seu filho Leco (Wagon/Surfstore/Freestyle/Standup), que no domingo em Jacaraípe, além do terceiro lugar nos pranchões, venceu no Stand-Up. “É um motivo de orgulho. O Leco está evoluindo muito. Hoje, eu e ele somos os melhores no Stand-Up”, elogiou Picuruta.